No dia 14 de agosto de 2012, o Siemaco participou do I
Seminário “Liberdade x Engessamento do Movimento Sindical”, promovido pela
Força Sindical do Paraná. O evento aconteceu no auditório da OAB em Curitiba, e
contou com centenas de pessoas, entre sindicalistas, juízes, procuradores,
desembargadores e demais participantes.
O objetivo do evento foi trazer aos interessados uma
discussão ampla e atual sobre os rumos do movimento sindical no Brasil, bem
como tratar dos desafios inerentes às práticas sindicais cotidianas. Para o
presidente da Força Sindical do Paraná, Sérgio Butka, o diálogo entre o
movimento sindical e o poder judiciário é fundamental para que ambas as partes
possam trabalhar em conjunto, em benefício dos trabalhadores.
O Seminário ocorreu da seguinte forma: durante todo o dia,
foram apresentados quatro painéis de discussão, cada um com um tema específico.
Em cada painel dois convidados gabaritados expuseram seu ponto de vista sobre o
tema, abrindo para debate público após a fala. Quem quiser saber mais sobre os
assuntos debatidos, pode conferir abaixo um resumo do evento.
Painel I:
Terceirização e seus Efeitos Nocivos aos Trabalhadores
Neste primeiro painel, os convidados da mesa foram o
Procurador Federal do Trabalho Ricardo Bruel da Silveira e o Desembargador do
Tribunal Regional do Trabalho, Douglas Alencar Rodrigues. Silveira foi enfático
ao afirmar que a terceirização tem sido mal utilizada no Brasil, e centrou sua
fala nos projetos de lei que tramitam no Congresso e na lei das cooperativas.
Já Rodrigues destacou a importância de os juízes do trabalho
dialogarem com as entidades sociais para se chegar a uma solução para o
problema da terceirização, que segundo ele é um “câncer” para os direitos
sociais. O Desembargador ressaltou três grandes problemas com relação à
terceirização: a sindicalização complicada, a redução dos postos diretos de
trabalho e o congestionamento do judiciário trabalhista. Outros problemas
apresentados por Rodrigues foram o padrão salarial inferior dos trabalhadores
terceirizados e a alta rotatividade, que faz com que os funcionários tenham
dificuldade em se sentir parte da empresa.
II Painel: Interdito
Proibitório como Instrumento de Engessamento do Movimento Sindical
O segundo painel teve a participação do Juiz Federal do
Trabalho José Aparecido dos Santos e Ricardo Lourenço Filho, que é professor
universitário. O tema foi o interdito proibitório, que é um dispositivo
jurídico utilizado pelas empresas para impedir greves. Para o Juiz Federal,
este instrumento impede antecipadamente a greve pela caracterização do abuso.
O professor Ricardo Filho argumentou que são os próprios trabalhadores
que devem discutir os tópicos da greve e evitar intervenção de outras esferas
(principalmente a estatal) neste sentido. Ele ressalta que a greve é um direito
coletivo e tem um caráter político e social contra a exploração do trabalho. Em
outras palavras, para o professor a greve é um exercício fundamental para
garantir a construção da cidadania.
III Painel:
Enquadramento Sindical e seus Efeitos na Liberdade Sindical
Participaram desta mesa de debates a ex-secretária Nacional
de Relações do Trabalho do MTE, Zilmara Alencar, e o Desembargador do TRT-PR,
Luiz Eduardo Gunther. A questão central neste debate foi até que ponto a
segmentação sindical é benéfica nas negociações em prol dos trabalhadores. Para
ambos os convidados, não basta que o sindicato seja único, ele também precisa
ser forte. Gunther destaca a importância da contribuição sindical de todos os
trabalhadores (até mesmo dos não sindicalizados), porque nas negociações
coletivas eles também são beneficiados. Ele destacou, ao final, a importância
de os sindicatos se relacionarem com o setor jurídico.
IV Painel: Novos
rumos da Negociação Coletiva
Neste painel, participaram o Secretário-Geral do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC e representante da CUT, Wagner Santana, O secretário-geral
da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, e o Jurista e ex-ministro do TST José
Luciano Castilho. A discussão foi
centrada na legitimidade dos sindicatos que lutam pelas propostas decentes para
os trabalhadores, lembrando que muitos sindicatos só existem por causa da
contribuição obrigatória e sequer lutam de forma séria por seus afiliados. A
negociação coletiva é um dos momentos mais importantes do ano para os
sindicatos, e é essencial que haja responsabilidade na elaboração de propostas.
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